"Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciencias e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de sí e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes." Marilena Chaui

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amar". Nelson Mandela

"É preciso atrair violentamente a atenção para o presente do modo como ele é, se se quer transformá-lo. Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade". Antonio Gramsci

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Educação Financeira com que propósito?

Educação financeira deve entrar no currículo da rede pública

Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5569165-EI8266,00.html

Começo da vida adulta, primeiro salário e a dúvida: o que fazer com o dinheiro? Poupar para o futuro ou comprar aqueles itens sempre desejados? Se poupar, em que investir? Muitos brasileiros se veem diante dessas - e muitas outras - questões logo que entram no mercado de trabalho. A culpa, para alguns, é da escola, que não ensina o aluno como gerenciar seus próprios recursos. Pois, a partir deste ano, as siglas SFN, Selic e CVM farão parte do currículo escolar. É o que propõe um decreto aprovado pelo governo federal em dezembro do ano passado.

Segundo a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), as escolas públicas deverão incluir aulas de educação financeira no currículo básico. É o começo de uma caminhada rumo à erradicação do analfabetismo financeiro. "É muito importante o aluno tomar conhecimento da educação financeira desde cedo, para ser um adulto com maior qualidade de vida e, principalmente, saber fazer escolhas e diferenciar querer de precisar", afirma Odete Reis, educadora e consultora financeira.

Para Odete, a escola tem o papel de suscitar o debate sobre dinheiro. Gustavo Cerbasi, mestre em Administração e Finanças pela Universidade de São Paulo (USP) e palestrante de finanças pessoais, concorda: "A ENEF já foi testada e se verificou que trouxe para os pais melhoria na qualidade de vida, pois a criança é provocada na escola e aplica em casa". Para ele, o ensino formal pode ajudar na quebra do tabu do patriarcalismo, grande responsável pela falta de educação financeira dos brasileiros. Segundo o administrador, como até duas gerações atrás a única fonte de renda da família era o emprego formal do pai, o casal não conversava sobre investimentos e economia doméstica.

A grande preocupação agora é com a capacitação dos professores. O medo é que os docentes fiquem ainda mais sobrecarregados, prejudicando o ensino. "O desafio é fazer com que a educação financeira seja estimulante, inclusive sendo explorada por professores não só de matemática, mas também de outras áreas, como ciências sociais e geografia", afirma Cerbasi. Para o consultor, o bom uso do dinheiro envolve qualidade de consumo, não apenas quantificação.

Ensino na escola não tira a responsabilidade dos pais
 No entanto, na opinião dos especialistas, a responsabilidade continua sendo dos pais. "É deles que vem o maior exemplo", garante Odete. A escola tem um papel secundário, de reforço da educação já obtida em casa.

"A criança a partir dos dois anos já entende o dinheiro, sabe que compra coisas", afirma. Os pais, ensina Odete, devem mostrar para o filho que ele não pode rasgar as notas nem jogar as moedas fora, pois elas têm valor de troca. Para a criança em idade escolar, ela recomenda o estabelecimento de uma mesada ou uma semanada, para que o pequeno já se acostume a se controlar. O valor indicado é de R$ 1 por semana para cada ano de idade. Ou seja, uma criança de 5 anos receberá, em média, R$ 20 por mês. Claro que isso varia de acordo com as condições da família e com as necessidades da criança.

Cerbasi aprova o uso da medida, mas alerta: "Não é simplesmente dar dinheiro, a mesada não é um presente. O importante é provocar discussão com o assunto e mostrar que é o direito de administrar uma parcela do dinheiro da família."

Por essa razão, a especialista em educação financeira Cássia Daquino é contra a obrigatoriedade do assunto nas escolas. Segundo a educadora, o sistema de ensino que temos hoje aliado à delicadeza do tema não permite que se pense em educação financeira obrigatória. A escola, afirma Cássia, tem importância à medida que prepara o cidadão para lidar com a vida prática, mas o fundamental é o envolvimento e o exemplo dos pais. Para ela, mesada e gastos em casa não são temas que dizem respeito aos professores. "Isso é assunto de família", defende.

Pensando nisso, há 18 anos Cássia desenvolveu um programa de ensino que é empregado em algumas escolas, de forma não obrigatória, para auxiliar os pais a ensinar a gestão dos recursos para os filhos. "É um programa baseado no diálogo com os pais, em reuniões de acompanhamento", conta. Além disso, os perigos dessa obrigatoriedade vão além do embate de gerações, afirma Cássia. A especialista teme a manipulação de dados por professores desinformados e até mesmo mal intencionados, que poderiam tentar fazer valer a sua visão de mundo em detrimento de outras.

COMENTÁRIO:

Na tentativa de formar um exército de consumidores "mais conscientes", os capitalistas não encontram limites. Falar em educação financeira na rede pública é no mínimo irônico, diante de todos os problemas que são enfrentados por professores e alunos na rede pública, onde frequentemente alunos concluem o ensino médio com noções rudimentares de matemática e praticamente analfabetos funcionais. Mas o importante é saber gastar o suado salário que almejam receber dos seus futuros patrões. Gostaria de saber se nessas aulas, serão abordados assuntos como mais-valia, acúmulo de capital, especulação financeira e outras artimanhas usadas pela burguesia para o seu enriquecimento "lícito".

domingo, 22 de janeiro de 2012

A VERDADE SOBRE A VIDA EM CUBA















Fonte:http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=251&topico=Direitos%20Humanos

Direitos Humanos

Falsidades sobre a realidade cubana: O salário dos cubanos

(Informativo da Prensa Latina - Nº 2 - 18 al 24 de Marzo, 2002)

Será certo que o salário dos cubanos é o mesmo de sempre e não vale nada?

Qualquer aluno do ensino secundário sabe que existe um salário nominal (o que recebe em correspondência a um trabalho realizado), e o real (o que expressa seu poder aquisitivo, ou seja, o que pode comprar com ele em bens e serviços). É sob esta realidade que temos de examinar o tema salário em Cuba e em qualquer país.

Vejamos primeiro a falsidade do que se expressa - sem argumentos, sem dados - quando se afirma que o salário dos cubanos é o mesmo de sempre:

Entre 1995-1999 o salário médio aumentou 4,1% anualmente;

Em 1999, 60% dos trabalhadores da esfera orçamentária - saúde, educação, judicial, polícias - receberam um incremento salarial de aproximadamente 30%;

No ano de 2000 o orçamento do estado destinou 6,2% a mais para o pagamento de salários dos trabalhadores das esferas orçamentadas;

No ano de 2001 o salário médio de todos os trabalhadores aumentou 4,7%.

O salário dos cubanos não vale nada?

Os que afirmam que o salário dos cubanos não vale nada, estão expressando, primeiro, um desconhecimento total da economia e da realidade cubana, e segundo, o uso de uma simplicidade extraordinária na especial avaliação que realizam ao tomar exclusivamente, para tal afirmação, a correlação do câmbio de 1 dólar por 20-26 pesos cubanos, segundo a cotação do dia.

Por sua vez aqueles que fazem tal afirmação desconhecem totalmente o que representa para o cidadão e a família cubana o poder aquisitivo do salário que recebe. Vejamos alguns exemplos da situação em Cuba referida à relação salário-aquisição de bens e serviços:

Uma cesta básica para uma família de 4 pessoas (inclui um filho menor de 7 anos) e contendo arroz, açúcar, café, pão, leite, batata, custa em Cuba 3 dólares. Nos EUA custa 138 dólares;

Segundo dados do Banco Suíço UBS, os níveis de imposto sobre o salário em um grupo importante de países está entre 30 a 40%. Em cuba não se paga imposto;

De acordo com o estudo realizado pelo Banco Suíço UBS, do salário que realmente se recebe, entre 30 a 60% se destina ao pagamento de aluguel da moradia. Em Cuba, 85% das famílias são donas de suas casas, portanto não pagam aluguel e os 15% restante pagam de aluguel 1 ou 2 dólares mensais, em forma de amortização, pois ao final do pagamento do custo de moradia se converte em proprietário dela. Em Nova York, um apartamento de 3-4 quartos, a renda média é de 3.230 dólares (o caro) e 1.190 (o barato);

Na educação superior, a matrícula de ingresso em um grupo de 41 universidades norteamericanas flutua de 17.628 dólares até 24.250. Em Cuba é gratuíta;

O custo médio de uma carreira de médico é hoje, no mundo, de 80.000 a 100.000 dólares.

Em Cuba é gratuíta:

Toda a educação em Cuba, desde a creche até a universidade, é totalmente gratuíta;Os serviços médicos nos EUA são extremamente caros, em média, um leito de terapia intensiva custa 980 dólares diários, o custo de um parto flutua entre 3.000 e 4.000 dólares. O custo de uma mamografia é de 100 dólares, uma obturação custa em média 60 dólares e a extração de um molar, 40 dólares. Em Cuba é totalmente gratuíta, como também é gratuíta qualquer cirurgia ou transplante de órgão, seja coração, fígado, rim, etc.;

Nos EUA, medicamentos para hipertensão, antidepressivos, diabetes, ansiolíticos, antihistamínicos, antiinflamatórios, podem custar entre 11 e 149 dólares. Em Cuba alguns destes medicamentos (ou seus similares) custam menos de um peso cubano e a maioria deles menos de 10. São ademais numerosos os casos em que os medicamentos se administram totalmente grátis;

Com um dólar, o cubano médio pode:

Pagar um mês de aluguel ou,

dois meses de eletricidade ou,

três meses de telefone ou,

comprar a quota de arroz de uma família de 4 pessoas, correspondente a mais de três meses ou,

assistir a 22 jogos de baseball de uma qualidade de grandes ligas ou,

comprar um litro de leite diariamente a seu filho menor de 7 anos durante quase três meses.

Há perguntas que qualquer pessoa pode fazer-se. Nos países da América Latina:

cidadão médio pode comprar com um dólar o mesmo que o cubano?

Quantas famílias podem dizer que pelos serviços educacionais e de saúde não tem que pagar um só dólar?

Pode com um dólar pagar o aluguel de uma casa de 2-3 dormitórios?

Pode uma família de 4 pessoas comprar os alimentos de uma cesta básica com apenas três dólares?

Também qualquer pessoa honesta pode perguntar-se:

Como é possível se o salário de um trabalhador cubano é de 10 dólares mensais, que não exista um só cubano vivendo na rua ou debaixo de uma ponte, que não haja uma só criança descalça ou trabalhando, ou sem estar na escola. Que não haja uma só pessoa passando fome ou que morra por falta de medicamentos ou assistência médica, que não haja uma só pessoa que morra de enfermidades preveníveis ou curáveis?

Como é possível em um país cuja economia está em colapso e que só pode pagar 10 dólares mensais a seus trabalhadores, não existam analfabetos, o nível educacional médio dos trabalhadores seja de 9 graus, que de cada 8 cidadãos, um tenha nível técnico médio e de cada 15 um tenha nível universitário?

Como é possível em um país em crise e que paga salários muito abaixo do nível de miséria, a taxa de mortalidade infantil em crianças menores de um ano seja de 6,3 por mil nascidos vivos e que exista um médico para cada 168 habitantes?

Não seria mais honesto reconhecer e dizer, embora não se endosse o sistema político do país, que o salário médio do cubano, que não dá para fazer-se rico, é mais que suficiente, pelo poder aquisitivo que possui, e pela existência de um sistema de distribuição justo, equitativo e solidário das riquezas que toda a sociedade produz, para que o cidadão e a família viva com dignidade e possa possuir um dos níveis de saúde e educação mais altos do mundo?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A verdade que ninguém quer enxergar! (PARTE 1)



Manifesto Comunista
Quando falamos na palavra 'comunismo", prontamente imaginamos que os que são a favor desse modelo justo e igualitário de sociedade são "comedores de criancinhas", como pregava a ideologia dos anos de chumbo brasileiro, ou "ateus", "imorais", "anarquistas", como também, entre outras acusações, " inimigos da instituição designada como "família nucler". Comunismo significa tornar comum á todos, elevar á pé de igualdade os indivíduos de uma sociedade abolindo as "castas" ou "classes", é uma estrutura social que busca o bem-estar geral, através de um estado democrático e participativo, que não permite a propriedade privada dos meios de produção nem tampouco a exploração do homem pelo homem, pilar que fundamenta a sociedade capitalista, abominando o uso da religião como forma de domesticação das pessoas vítimas desse sistema imundo e hipócrita, que cria todo o tipo de mazelas. Deus não tem parte com as consequências advindas de uma estrutura social pautada na subalternidade, pauperização, desumanização de uns e na riqueza de outros.
Marx e Engels partem de uma análise histórica, diferenciando as várias formas de opressão social durante os séculos e situa a burguesia como nova classe opressora.
O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e à forma como a sociedade se estruturou através dele, chegando aos nossos dias atuais.
Ao que Marx chama de "proletários conscientes' ou comunistas, são os que, por serem sabedores de toda a verdade que nos é velada desde que nascemos, lutam pela abolição da propriedade privada e pelo conhecimento histórico da organização social por aqueles que ainda se mantém alienados de sua condição de escravos da classe burguesa. Esses são os revolucionários comunistas tão temidos pela classe dominante ou burguesia e eu, com certeza, faço parte desse grupo. Através do Manifesto, Marx e Engels esclarecem que o comunismo não busca privar o indivíduo do poder de apropriação dos produtos sociais, porém abomina o poder de explorar o trabalho do seu semelhante, o escravizando, por meio dessa apropriação. Com o desenvolvimento do socialismo a divisão em classes sociais desapareceria e o poder público perderia seu caráter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista. Você, caro leitor ou leitora dessa postagem, pode estar na condição de proletário. É necessário nos despirmos dessa concepção errônea acerca dos ideais comunistas e procurarmos lutar contra a burguesia e seus pérfidos intentos.
“Proletários de todo o mundo, uni-vos!”
MANIFESTO COMUNISTA
PARTE 1
A ASCENÇÃO DA BURGUESIA

Um espectro ronda a Europa -
o espectro do comu­nismo. Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa
Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da
França e os policiais da Alemanha.

Que partido de oposição não foi acusado de comunista pôr
seus adversários no poder? Que partido de oposição, pôr sua vez, não lançou a
seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de comunista?

Duas conclusões decorrem desses fatos:

1.ª O comunismo já é reconhecido como força pôr todas as potências da Europa;
2.ª É Tempo de os comunistas exporem, .à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas ten­dências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do espectro do comunismo.
Com este fim, reuniram-se, em Londres, comunistas de várias nacionalidades e redigiram o manifesto seguinte, que será publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês.

Burgueses e Proletários

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias (7) tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo,mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou pôr uma transfor­mação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destrui­ção das duas classes em
luta.
Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase pôr toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes, gradações especiais.
A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruí­nas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às que exis­tiram no passado.
Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se pôr ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.
Dos servos da Idade Média nasceram os burgueses livres das primeiras cidades; desta população municipal, saíram os primeiros elementos da burguesia.
A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram à burguesia em assenso um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, à indús­tria, à navegação, e, pôr conseguinte,
desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em
decomposição. A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, já não podia satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. A pequena burguesia industrial suplantou os mestres das corporações; a divisão do trabalho entre as diferentes corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina.
Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria manufatura tornou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira cedeu lugar aos milio­nários da indústria, aos chefes de verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses modernos.
A grande indústria criou o mercado mundial prepa­rado pela descoberta da América: O mercado mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos meios de comunicação pôr terra. Este desenvolvimento reagiu pôr sua vez sobre a extensão da indústria; e, à medida que a indústria, o comércio, a navegação, as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando seus capitais e relegando a segundo plano as classes legadas pela Idade Média.
Vemos, pois, que a própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções no modo de produção e de troca.
Cada etapa da evolução percorrida, pela burguesia era acompanhada de um progresso político correspondente. Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação armada administrando-se a si própria na comun ; aqui, república urbana independente, ali, terceiro estado, tributário da monarquia; depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da nobreza na monarquia feudal ou absoluta, pedra angular das grandes monarquias, a
burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa.
A burguesia desempenhou na História um papel emi­nentemente revolucionário.
Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia calcou aos pés as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais" ela os despe­daçou sem piedade, para só deixar subsistir, de
homem para homem, o laço do frio interesse, as duras exigências do"pagamento à vista". Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do senti­mentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única
e implacável liberdade de comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada pôr ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal.
A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados.
A burguesia rasgou o véu de sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias.
A burguesia revelou como a brutal manifestação de força na Idade Média, tão admirada pela reação, encontra seu complemento natural na ociosidade mais completa. Foi a primeira a provar o que pode realizar a atividade humana: criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os
aquedutos romanos, as catedrais góticas; conduziu expedições que empanaram
mesmo as antigas invasões e as Cruzadas.

CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM...
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