Manifesto Comunista
Quando falamos na palavra 'comunismo", prontamente imaginamos que os que são a favor desse modelo justo e igualitário de sociedade são "comedores de criancinhas", como pregava a ideologia dos anos de chumbo brasileiro, ou "ateus", "imorais", "anarquistas", como também, entre outras acusações, " inimigos da instituição designada como "família nucler". Comunismo significa tornar comum á todos, elevar á pé de igualdade os indivíduos de uma sociedade abolindo as "castas" ou "classes", é uma estrutura social que busca o bem-estar geral, através de um estado democrático e participativo, que não permite a propriedade privada dos meios de produção nem tampouco a exploração do homem pelo homem, pilar que fundamenta a sociedade capitalista, abominando o uso da religião como forma de domesticação das pessoas vítimas desse sistema imundo e hipócrita, que cria todo o tipo de mazelas. Deus não tem parte com as consequências advindas de uma estrutura social pautada na subalternidade, pauperização, desumanização de uns e na riqueza de outros.
Marx e Engels partem de uma análise histórica, diferenciando as várias formas de opressão social durante os séculos e situa a burguesia como nova classe opressora.
O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e à forma como a sociedade se estruturou através dele, chegando aos nossos dias atuais.
Ao que Marx chama de "proletários conscientes' ou comunistas, são os que, por serem sabedores de toda a verdade que nos é velada desde que nascemos, lutam pela abolição da propriedade privada e pelo conhecimento histórico da organização social por aqueles que ainda se mantém alienados de sua condição de escravos da classe burguesa. Esses são os revolucionários comunistas tão temidos pela classe dominante ou burguesia e eu, com certeza, faço parte desse grupo. Através do Manifesto, Marx e Engels esclarecem que o comunismo não busca privar o indivíduo do poder de apropriação dos produtos sociais, porém abomina o poder de explorar o trabalho do seu semelhante, o escravizando, por meio dessa apropriação. Com o desenvolvimento do socialismo a divisão em classes sociais desapareceria e o poder público perderia seu caráter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista. Você, caro leitor ou leitora dessa postagem, pode estar na condição de proletário. É necessário nos despirmos dessa concepção errônea acerca dos ideais comunistas e procurarmos lutar contra a burguesia e seus pérfidos intentos.
“Proletários de todo o mundo, uni-vos!”
MANIFESTO COMUNISTA
PARTE 1
A ASCENÇÃO DA BURGUESIA
Um espectro ronda a Europa -
o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa
Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da
França e os policiais da Alemanha.
Que partido de oposição não foi acusado de comunista pôr
seus adversários no poder? Que partido de oposição, pôr sua vez, não lançou a
seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante de comunista?
Duas conclusões decorrem desses fatos:
1.ª O comunismo já é reconhecido como força pôr todas as potências da Europa;
2.ª É Tempo de os comunistas exporem, .à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do espectro do comunismo.
Com este fim, reuniram-se, em Londres, comunistas de várias nacionalidades e redigiram o manifesto seguinte, que será publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês.
Burgueses e Proletários
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias (7) tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo,mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou pôr uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em
luta.
Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase pôr toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes, gradações especiais.
A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às que existiram no passado.
Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se pôr ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.
Dos servos da Idade Média nasceram os burgueses livres das primeiras cidades; desta população municipal, saíram os primeiros elementos da burguesia.
A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram à burguesia em assenso um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, à indústria, à navegação, e, pôr conseguinte,
desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em
decomposição. A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, já não podia satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. A pequena burguesia industrial suplantou os mestres das corporações; a divisão do trabalho entre as diferentes corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina.
Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria manufatura tornou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira cedeu lugar aos milionários da indústria, aos chefes de verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses modernos.
A grande indústria criou o mercado mundial preparado pela descoberta da América: O mercado mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos meios de comunicação pôr terra. Este desenvolvimento reagiu pôr sua vez sobre a extensão da indústria; e, à medida que a indústria, o comércio, a navegação, as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando seus capitais e relegando a segundo plano as classes legadas pela Idade Média.
Vemos, pois, que a própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções no modo de produção e de troca.
Cada etapa da evolução percorrida, pela burguesia era acompanhada de um progresso político correspondente. Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação armada administrando-se a si própria na comun ; aqui, república urbana independente, ali, terceiro estado, tributário da monarquia; depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da nobreza na monarquia feudal ou absoluta, pedra angular das grandes monarquias, a
burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa.
A burguesia desempenhou na História um papel eminentemente revolucionário.
Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia calcou aos pés as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais" ela os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir, de
homem para homem, o laço do frio interesse, as duras exigências do"pagamento à vista". Afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas com tanto esforço, pela única
e implacável liberdade de comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração velada pôr ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica, direta e brutal.
A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados.
A burguesia rasgou o véu de sentimentalismo que envolvia as relações de família e reduziu-as a simples relações monetárias.
A burguesia revelou como a brutal manifestação de força na Idade Média, tão admirada pela reação, encontra seu complemento natural na ociosidade mais completa. Foi a primeira a provar o que pode realizar a atividade humana: criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os
aquedutos romanos, as catedrais góticas; conduziu expedições que empanaram
mesmo as antigas invasões e as Cruzadas.
CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM...
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