Analisando a sociedade através da visão do materialismo-histórico, vamos verificar que em todos os tempos, o evoluir das civilizações foi e sempre será provocado pela luta de classes, onde há um esforço gigantesco das classes dominantes para manter a aparente normalidade social, onde cada um deve se contentar em ocupar o seu lugar, e de outro lado, os dominados, que são os atores das verdadeiras transformações sociais, quando esses se reconhecem como classe e através de um esforço comum conseguem romper com as amarras e modificar as regras do jogo que favorecem os dominantes.
Todos tem visto a atual propaganda ideológica da mídia, que tem vendido a idéia que as UPPs serão a solução para os problemas de violência no Rio de Janeiro, violência essa, que não se inaugurou a apenas quarenta anos atrás, como tem sido veiculado pelas autoridades, como sendo fruto do abandono dos governos que passaram pelo poder durante esse período, mas que teve seu marco em 1888, quando então a Princesa Isabel, se viu forçada por interesses externos para a formação de um mercado consumidor, a "libertar" os negros sem qualquer tipo de política compensatória que os indenizassem pelos anos de serviço escravo prestados aos seus senhores. Essa imensa massa de negros foi desfrutar da tão sonhada liberdade, nos entornos das cidades, ocupando as áreas que hoje se estabelecem as favelas.
Localizar a origem da miséria e suas consequências devastadoras no descaso dos governos é analisar simploriamente as origens dessa problemática, e além disso é ter uma visão limitada e alienada da realidade. Os políticos que estiveram e estão hoje no poder, estão servindo ao seu propósito primeiro, o de representar a burguesia e seus interesses sujos com o objetivo de acumulação de capital. Políticos vão e vem, quem nunca ouviu a frase: "o povo tem memória curta", e é para isso que eles servem, para expor suas figuras e encobertar os reais responsáveis pelas mazelas da sociedade, a classe capitalista burguesa, que compra tudo e todos para manter sua posição.
Diante de tudo isso, pergunto: a quem interessa a "pacificação" dos morros cariocas? Certamente a quem não está nos morros, pois os que lá estão irão continuar sofrendo as consequencias impostas por sua posição social, mesmo que esses se sintam mais seguros com a presença do aparato policial em suas portas. Continuarão desempregados, sujeitos ao sub-emprego, sem educação e saúde de qualidade, e o que é pior, com a pretensa ilusão de que as coisas podem melhorar.
Pacificação nada mais é do que a renovação da velha estratégia burguesa de dominação dos proletários, pois é melhor que se sintam bem nas favelas, do que descer para o asfalto para incomodar a "população carioca".
Nenhum comentário:
Postar um comentário