"Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciencias e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de sí e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes." Marilena Chaui

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amar". Nelson Mandela

"É preciso atrair violentamente a atenção para o presente do modo como ele é, se se quer transformá-lo. Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade". Antonio Gramsci

sábado, 29 de outubro de 2011

Mais violência contra professor

'A gente precisa de ajuda para ontem', diz professora agredida com bola

Educadora foi atingida por bola de basquete em Campinas, SP, e desmaiou.
Para a professora, a estrutura do sistema educacional chegou ao limite.

A professora Maristela Marçal está tomando analgésicos e ficou em observação depois de sofrer desmaio (Foto: Raphael Prado/G1)A professora Maristela Marçal está tomando analgésicos; ela ficou em observação depois de sofrer desmaio (Foto: Raphael Prado/G1)
A professora de educação física Maristela Marçal, agredida por um aluno com uma bola de basquete em Campinas, no interior de São Paulo, disse ao G1 nesta sexta-feira (28) que a violência é reflexo das deficiências estruturais da educação. Ela dá aulas há 19 anos - 12 deles na Escola Municipal Padre Francisco Silva, onde o caso aconteceu na tarde de quinta-feira (27).
saiba mais
Atingida na nuca pela bola, Maristela desmaiou e foi levada ao Pronto-Socorro Municipal do Hospital Ouro Verde. Ela ficou em observação até o fim da tarde de quinta e foi liberada em seguida. Está tomando analgésico, disse que ainda sente dores musculares, mas não teve nenhuma consequência mais grave.
Maristela descreveu o autor da agressão, um aluno de 15 anos, como um "menino com muita habilidade, extremamente inteligente, mas que não está canalizando a inteligência para algo bom". Ela disse que o garoto tem problemas de relacionamento com outros colegas e professores.
"Esse é apenas mais um de vários casos que temos na escola", contou. Segundo a professora, no último semestre outros dois colegas de sala de aula registraram boletins de ocorrência por agressão. "Verbalmente, somos agredidos todos os dias e eu tenho aguentado."
Em 2010, a escola municipal mudou de prédio e passou de 500 para 700 alunos. Começou 2011 sem orientadora e sem vice-diretora. "Enquanto o sistema achar que tem que colocar aluno na escola e virar as costas, nada vai funcionar. Esse caso [a agressão] poderia ter sido evitado", disse Maristela. A professora criticou o fato de a discussão sobre a educação no Brasil só ocorrer quando algo grave acontece: "A gente precisa de ajuda para ontem".
Maristela passou três meses de 2010 afastada da escola, em tratamento para estresse. Essa situação é cada vez mais comum no Brasil. "Em alguns casos, estamos admitindo que estamos derrotados em educar", afirmou a professora. "Tenho certeza que outros colegas, pelo Brasil, também estão passando por isso. E ninguém faz nada."
A educadora lembrou do caso em que um aluno baleou a professora dentro da sala de aula e depois se matou, em setembro, em São Caetano do Sul, no ABC, como exemplo de quando a mídia dá atenção para a educação. "Só quando acontece coisa mais grave as pessoas agem", lamentou.
Maristela disse que ainda não sabe se vai registrar um boletim de ocorrência por conta do caso. Ela disse que não conhece os pais do aluno agressor. Afirmou também que não está com medo de voltar a dar aulas - embora vá ficar afastada por alguns dias por acidente de trabalho. "Temos lá 10, 15 alunos problemáticos, mas eu penso nos outros quase 400 que merecem ter minha aula", disse.
A professora acabou de defender a tese de mestrado com o tema "Sentido e significado da escola na perspectiva do aluno". Ela acha que o que acontece na escola é reflexo de uma sociedade agressiva. "Tem pais que perguntam para a gente: 'o que eu faço com o meu filho?'", contou.
Medidas
Segundo a Secretaria da Educação de Campinas, o aluno e seus pais serão chamados pela diretora da escola para explicar o ocorrido. Eles receberão orientação. A secretaria irá analisar também a atitude dos professores, que dispensaram os alunos após o ocorrido.

COMENTÁRIO: Quando algo dessa natureza acontece, o que se faz imediatamente, é procurar os culpados pelo ocorrido. Culpam os pais, por não saberem educar, os professores, por serem mal preparados, as leis, que não punem os menores, e os alunos que agem na certeza da impunidade. Todas as respostas já estão prontas e não nos dão a oportunidade de refletir de forma crítica diante do atual quadro social. É preciso ser radical, ou seja, ir na raiz do problema. Culpa? Certamente não é nossa, e sim, daqueles que inauguraram toda essa violência gerada pela exploração do homem pelo homem, daqueles que tratam seres humanos como coisas de sua propriedade, e lhes roubam a sua humanidade. Culpados são todos aqueles que subtraem a vida da forma mais vil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...